Esse lance de não criar expectativas em cima das pessoas é
algo muito complicado. Não tem como você se relacionar com alguém durante muito
tempo e você não criar expectativas em cima desse relacionamento ou em cima
dessa pessoa, simplesmente não tem. O fato de você saber que você deu o seu
melhor, e que isso não foi o suficiente, não estanca a dor. A decisão pode até
ter sido sua, aparentemente – casos assim a decisão é conjunta, mas um se anula
pra que o outro tome a atitude -, mas isso não muda o fato de que você se sente
mal.
Comigo as coisas nunca foram muito tranqüilas. Mas todos os
relacionamentos que eu terminei, eu terminei bem, until now. Show galera. E
como aqui é o meu espaço, eu me sinto inteiramente confortável em falar sobre isso.
Pouco me importa quem vai ler, ou se alguém vai ler, de verdade.
A vida é assim, a minha não é pior que a de ninguém. Mas
chorar pelos dedos sempre foi uma virtude minha, tem gente que as vezes se
identifica até, e isso é legal.
Apesar da decisão falada ter sido minha, eu não estou bem,
não, não estou. E isso não é motivo de vergonha, ou sinônimo de fraqueza, é
tristeza só, decepção. Tô decepcionada sim, porque me desfiz de muita coisa que
me importava, deixei alguns sonhos de lado, algumas amizades também, nesses
cinco anos de caminhada. E não o culpo por isso, culpo só a mim mesma, quisera
eu não ter deixado que tudo o que aconteceu, acontecesse. Dói porque o mínimo
que se espera de alguém que disse que te amava, é consideração, quiçá uma
preocupaçãozinha. E é isso que faz doer. A falta de consideração, a falta de
preocupação. Porque eu to vendo todo o show sendo montado mais uma vez do lado
de lá, e eu estou preocupada, porque sei bem aonde tudo isso chega, e não há
necessidade nenhuma disso.
Quisera eu ter sido mais tranqüila, porque paciente eu fui
até demais, ao limite estendido. Me faltou bom senso também, dosar as palavras
é sempre bom, palavras machucam, e eu sei bem disso. Mas eu tava de cabeça
quente, e isso deve ser levado em consideração.
Eu não estou arrependida, de forma alguma. Acho que era
isso, ou coisa pior. Mas não to bem, anyway. Porque por pior que seja, eu mesma
não to fazendo o que eu disse que faria, mas você está. E é isso que dói. Não
dá pra apagar o que aconteceu, não nos últimos dias, nem nos últimos anos, nós
fizemos sim parte um da vida do outro, e forçar pra que pareça diferente não
vai fazer parecer diferente.
Quando me perguntam o motivo eu respondo sempre a mesma
coisa “Quando as coisas não estão dando certo, qualquer coisa é motivo.” E foi
assim, com a cabeça no travesseiro, eu pensei bastante e vi que o que aconteceu
foi ridículo, mas eu já estava tão magoada com todo o resto, que aquilo somou e
fez o meu copo transbordar de forma que aquela besteira se transformou na pior
coisa do mundo. Entendam que não estou dizendo que estou errada, só estou
dizendo que quando as coisas não estão indo bem, qualquer coisa é motivo, e foi
assim de fato.
Foram anos aceitando piadinhas, ouvindo comentários
desnecessários, foi ser xingada por gente que eu mal conhecia. Aturei taaanta
coisa, que uma mosca pousar no meu prato de sopa era motivo pra eu fazer aloka.
E bem, não foi diferente disso.
Eu tenho tantos defeitos que eu mal consigo entender como
duramos esse tempo todo. Na verdade mal consigo entender como as pessoas me
aturam. É por esse motivo que eu não te culpo por tudo. Eu te culpo sim, por muita coisa, mas assumo
a minha parcela também, afinal de contas, eu deixei que tudo acontecesse, então
shame on me.
Talvez eu tenha te conhecido, e por isso estou achando um
papel feio esse que você ta fazendo, e nem vou entrar nessa onda. Talvez eu
tenha me enganado, e não o conheci, e esse cara que surgiu a dois dias seja o
cara que você sempre foi e eu nunca enxerguei. Coisas que só o tempo vai dizer,
não é?
Pronto, falei o que eu tava precisando ;)